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Um método acontecimental como textura da pesquisa.

Atualizado: 4 de nov. de 2021

Por Vinicius Colussi Bastos

 

Pensar no método ao desenvolver pesquisas nos universos referenciais dos estudos culturais torna-se um desafio inventivo, associativo, com agenciamentos e escolhas diante de um campo do saber sem um corpo de teorias fundamentais, passos a serem aplicados ou saberes unívocos rumo a problemas e soluções preestabelecidos. Sem consonâncias, mas aberto às diferenças e singularidades que compõem o plano da imanência da cultura, traçamos caminhos investigativos, ou escolhemos nossas caixas de ferramentas, ou mergulhamos em redes conceituais, ou ainda pensamos com nossos intercessores, ou... ou... e ou... diversos possíveis que se fazem nos atos de criação da pesquisa.

Neste texto, compartilhei as condições de acontecimento que proporcionaram criar o método da minha tese de doutorado desenvolvida no contexto do Grupo de Estudos Culturais das Ciências e da Educação (GECCE) da Universidade Estadual de Londrina (UEL), coordenado pelo Prof. Dr. Moisés Alves de Oliveira, defendida em março de 2018, com o título “Existências PositHIVas: um blog como (não)lugar e modos outros de [r(e)]existir com HIV” (BASTOS, 2018), apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (PECEM) da UEL, em uma tentativa de descrever um pouco mais como esta pesquisa se constituiu, apresentando as escolhas, os interesses, os caminhos que me permitiram criar essa textura para a pesquisa.

Para tanto, me faz necessário contar, ou criar, o contexto dessa pesquisa, mesmo que de modo sintético, pois não há método que faça sentido sem seu território investigativo, suas questões, objetivos e universo referencial.

A constituição desta pesquisa se deu por linhas de afetação, na ordem do sentir, começando pelas condições de acontecimento que me levaram a cruzar com a epidemia HIV1 e AIDS2 como um campo a ser explorado, mais especificamente a me interessar com os modos de existência das pessoas que vivem com HIV e AIDS (PVHA), atravessadas por estigmas, medos, figurações monstruosas e tecnologias de tratamento ao vírus. Tais condições se fizeram em uma de minhas aulas de biologia no Ensino Médio, quando atuava como professor da rede Estadual de educação do Estado do Paraná. Nessa aula, ao discutir características gerais dos vírus, fui interrogado com curiosidades a respeito do HIV, que logo se vascularizaram entre as e os estudantes, por meio de diálogos que traziam à tona uma figura monstruosa do HIV e da PVHA, somada a informações de senso comum que divergiam das realidades biomédicas e tecnológicas da epidemia. Saí daquela aula bastante incomodado e pensativo, me questionando: por que estudantes tão jovens, entre 14 e 16 anos, repetiam uma figura monstruosa construída com o início da epidemia? Que impactos aqueles discursos poderiam ter para a marginalização das PVHA? Que ações pedagógicas eu poderia promover com o intuito de apresentar outras possibilidades de pensar a epidemia e a vida com HIV e AIDS?

Com essas inquietações, mergulhei no contexto da epidemia do HIV e AIDS, tentando compreender melhor suas questões, me deparando com o blog “Diário de um Jovem Soropositivo”3. Ao explorar o blog, a postagem que escolhi para desenvolver um possível trabalho pedagógico com as e os estudantes era intitulada “Esqueça tudo o que você sabe sobre o HIV e AIDS”, um título provocante, um texto sintético e com resultados atuais de pesquisas da área de biociências voltadas à busca de tecnologias para a cura do HIV e AIDS. Logo notei também que havia diversos comentários abaixo do texto da postagem. Por curiosidade, comecei a ler e, quando me dei conta, já me sentia envolvido, ou capturado, com as histórias de vida apresentadas. Tratava-se de discursos produzidos por corpos que se identificavam em sua grande maioria como soropositivo para o HIV, ou melhor dizendo, como pessoas que vivem com HIA e AIDS (PVHA), que naquele espaço teciam seus anseios, compartilhavam suas histórias de superação, a aceitação de sua condição pós-diagnóstico reagente para o HIV, os conflitos amorosos, o preconceito da sociedade, bem como conhecimentos a respeito dos discursos científicos que investigavam a desejada cura, os mecanismos biológicos de atuação do HIV no organismo descritos pelas ciências e, o que mais me chamou a atenção, relatos também do quanto aquele espaço, o blog, tinha sido fundamental para eles compreenderem e conviverem melhor com sua nova condição de vida, manifestando orgulho de sua condição, positivando-a com alegria na arte do viver.

Senti que aquele blog era um espaço que possibilitava às PVHA aprenderem discursos oriundos das biociências atuais e compartilharem, de maneira anônima, experiências de vida, entre outras coisas, lidar com seus conflitos, com os fluxos de forças e recriar uma expectativa de vida dita saudável vivendo com o HIV. Logo passei a me questionar: seria aquele blog um lugar privilegiado de aprendizado a respeito dos discursos atuais das biociências e suas tecnologias? Que discursos são esses? Há diferenças entre tais discursos e aqueles circulados nas escolas, nas intervenções de Educação Sexual, nos livros didáticos e até mesmo nas campanhas da área da saúde? Que relações são estabelecidas entre os corpos atuantes no blog? Qual a importância do discurso científico presente naquele lugar? Seria mais um lugar pedagógico? Ou teríamos funcionando um tipo de educação menor (GALLO, 2013)? De que maneira? Em suma, que lugar era aquele?

Compartilho aqui essas inquietações, pois como destaca Marisa Vorraber Costa


Parece que nenhuma indagação nasce de um vazio, sem um território e sem um tempo que fecunda as ideias, as dúvidas, as inseguranças. É nossa radicalidade histórica que produz o tipo de pergunta que abala nossas certezas, que inquieta, que apaixona, que impulsiona e, muitas vezes, amedronta pelo que sugere como possibilidade (COSTA, 2005, p. 200-201).

Assim, em um misto de paixão e insegurança com o desconhecido, senti que essas inquietações nasceram da minha afetação ante as histórias de vida e resistência de corpos que vivem com HIV registradas no blog, em movimentos de empatia que me fizeram experimentar aqueles modos de existência e enviesá-los aos meus. Bem como da radicalidade e utopia em buscar o não pensado ou o não autorizado, em sua potência criativa e intensiva de fluxos que produzem realidade.

No entanto, quando iniciei esta pesquisa no começo de 2015, de maneira bastante tímida, para não dizer ingênua, fui questionado e me enchia de incertezas, como: por que investir na temática do HIV e AIDS em uma tese de doutorado em um momento no qual os discursos que produzem essas enfermidades parecem estar naturalizados ou até mesmo com abordagens pedagógicas consagradas para lidar com a problemática? (seja nas escolas, ou em campanhas promovidas pelas diversas instâncias de saúde pública).

Vale destacar que no campo de pesquisas dos Estudos Culturais, por exemplo, desde o final da década de 1990, pesquisas nacionais de alta qualidade já haviam sido produzidas, como as de: Dagmar Estermann Meyer e colaboradores (2004); Luís Henrique Sacchi dos Santos e colaboradores (2005); Claudia Carneiro da Cunha (2011); Luiz Felipe Zago e Luís Henrique Sacchi dos Santos (2013). Todos problematizaram, entre outros pontos, biopolíticas que atravessam os corpos soropositivos, contribuindo para o fortalecimento do estigma social da doença; questões de gênero presentes nas campanhas publicitárias do Ministério da Saúde direcionadas às mulheres; a responsabilização do indivíduo para problemas de saúde coletiva, logo de responsabilidade governamental, presente em tais campanhas; a (con)formação de jovens vivendo com HIV a respeito de sujeitos conscientes, autônomos, responsáveis, ao mesmo tempo que representam perigos para a sociedade; os limites do conceito de empoderamento como estratégia de prevenção e resposta à epidemia de HIV e AIDS, destacando seu efeito de governamento dos corpos, das autonomias dos indivíduos, em uma lógica de controle das subjetividades.

No entanto, causava-me certa angústia aceitar que as opções de pesquisa em HIV e AIDS e suas interseccionalidades fossem apenas os caminhos traçados pela biopolítica. “Pois a biopolítica, como Foucault a definiu, é gestão e controle da vida das populações, compatível com o que Deleuze chamou de ‘sociedade de controle’, tendo por limite inferior o rebaixamento biologizante da existência (vida nua)” (PELBART, 2016, p.14). Ou seja, a investigação interessada nas relações de poder, que estratificam de maneira bastante complexa corpos com HIV e AIDS em diversas instâncias culturais, podendo aprisionar a capacidade de afetação, de criação, de desejar, que compõe uma vida. Não que essas pesquisas não sejam e tenham sido importantes, muito pelo contrário! Pesquisas como essas possibilitaram diversas mudanças reais nas políticas públicas, nas campanhas de saúde e nos protocolos de atendimento das pessoas que vivem com HIV e AIDS.

Porém, aos poucos, notei que minha angústia estava relacionada com essa contradição entre campo de pesquisa e os relatos de modos de existência que encontrei no blog. Isso, despertou meu desejo de focar nas reações das PVHA a esses mecanismos sociais de controle que investem na vida, quais eram suas criações, seus desejos e lutas pela vida. Em suma, queria saber mais a respeito do que pode um corpo que vive com HIV. Logo, não tinha outra saída senão respeitar meus afetos e selecionar o blog, mas especificamente os comentários registrados nele, como objeto de análise da minha pesquisa.

Tal blog foi criado e alimentado por um sujeito que se descreve pelo gênero masculino, nascido em 1984 e que descobriu ter sorologia positiva, ou reagente, para o vírus do HIV em outubro de 2010. Nesse blog, o autor se identifica pelo codinome “Jovem Soropositivo” ou apenas “JS”, mantendo seu anonimato e um legado de seguidores, que até a data de produção deste trabalho, ultrapassa a marca dos três mil cadastrados. Em suas postagens, JS dedica-se a veicular resultados de pesquisas que buscam a cura para o HIV e AIDS, bem como qualquer outra notícia que esteja relacionada com o tema.

Um ponto que chamou minha atenção nas postagens de JS, desde o primeiro contato, foi a sua repercussão, ou seja, a quantidade de comentários registrados por leitores, que tornam esse espaço um lugar dinâmico em que fluxos são produzidos, circulados, dobrados e subjetivados. Diante desse universo rizomático que se cria, por onde começar minhas investigações?

Optei por iniciar minhas análises por aquele ponto de encontro que tive com o blog, a postagem intitulada “Esqueça tudo que você sabe sobre HIV e AIDS” publicada no dia 13 de novembro de 2014. Não só por ter sido minha fonte de acesso, mas também por duas outras razões: ao explorar as demais publicações de JS, constatei que essa postagem era a de maior repercussão do blog, considerando a quantidade de comentários inseridos, 600 até o momento em que a pesquisa foi produzida; e pela qualidade desses comentários em expressar modos de existência de corpos que vivem com HIV na atualidade, bem como em fazer circular fluxos capazes de afetar os corpos que por lá deixam seus rastros de existência.

Tão logo, alguns desafios emergiram na constituição de como seriam as análises de dados tão complexos, ricos em modos de existência e afetações. Para tanto, além de minhas sensações, precisei buscar por conceitos e lógicas de pensamento que despertassem em mim uma potência criativa analítica. Nessas buscas, fui encontrando pistas de caminhos a seguir, ou melhor, a construir. Parti de discussões do campo dos Estudos Culturais, como a Pedagogia dos Monstros (COHEN, 2000) e a produção cultural da identidade e da diferença (SILVA, 2012), para pensar em mecanismos culturais que sustentam a lógica dos processos de diferenciação entre ser HIV soropositivo e soronegativo. Entretanto, boa parte desses referenciais aprisionava ou conduzia meus pensamentos para um fechamento das ideias e não me ajudava a pensar nos modos de existência que eu sentia a partir da leitura dos tantos comentários registrados no blog em questão.

Foi nesse caminhar, em meio a crises de produção e me sentindo em muitos momentos incapaz de realizar a análise desejada, que resolvi, inspirado pelos incansáveis conselhos do meu orientador, saborear mais os dados, no caso os comentários no blog, e descrever os movimentos de produção que lhes eram próprios. Com as sensações que explorei inicialmente nesse saborear, pude perceber movimentações que me pareciam estar relacionadas às dobras de Deleuze/Foucault: discutidas por Gilles Deleuze (2005) como soluções a questões levantadas por Michel Foucault.

A cada relação que eu estabelecia com os comentários postados no blog e pensando inicialmente junto com o conceito de dobra, consegui aos poucos começar a produzir e enxergar movimentações que eram coerentes com aquilo que sentia no universo dos dados. Movimentações essas que eu acreditava abrir para a produção de modos de existência com o HIV mais afirmativos e menos redutores de vida, da ordem da vontade de potência, daquelas intensidades capazes de ampliar a vida (DELEUZE, 2016b; PELBART, 2016; DIAS, 2011; ROLNIK, 2002). Assim, comecei também a me perguntar: o que pode um blog na vida de corpos soropositivos ao HIV?.

A partir desses acontecimentos, fui mergulhando no universo da filosofia da diferença pensada principalmente com a produção de Gilles Deleuze e experimentando a cada leitura, a cada novo intercessor, uma potência do pensamento. Aos poucos fui percebendo a necessidade de suspender determinados conceitos e pensar com outros para dar continuidade ao desenho desta pesquisa, bem como que minha lógica de pensamento não estava separada das minhas sensações, afetações.

Retornando aos dados, diante da heterogeneidade de discussões abordadas nos comentários, meu foco de pesquisa constituiu-se no que diz respeito aos efeitos da diferença e produtividades, nos fluxos circulantes, que propriamente na caracterização de quem são as máquinas que as produzem. Não procurei traçar uma ontologia dos sujeitos que por ali passam, mas sim analisar a singularidade e multiplicidade dos efeitos por lá produzidos, seus acontecimentos, enviesados por minhas sensações.

Tais posicionamentos me possibilitaram ao longo dessa pesquisa sentir a sutileza das movimentações que produzem modos de existência mais positivos encontrados por meio dos registros no blog e evidenciar intensidades capazes de ampliar a vida.

Em termos mais pragmáticos, na leitura dos comentários registrados na postagem selecionada, busquei primeiramente criar uma taxonomia para as movimentações mais gerais e recorrentes que por lá sentia circular. Isso me possibilitou traçar três focos que me ajudaram a lidar com a grande quantidade de registros: experiência intempestiva, busca por modos outros de existência e a invenção de outras possibilidades de vida.

Assim, esses focos de análise não funcionaram como categorias preestabelecidas a partir de um referencial teórico para se produzir análises textuais discursivas ou de conteúdo, tampouco são categorias de qualquer outra natureza, uma vez que não possuem a função de agrupar um conjunto de ideias por similaridade, afinidade e apagamento de qualquer diferença. Muito pelo contrário, além de terem sido pensados a partir daquilo que sentia acontecer no blog, foi um modo de direcionar minhas intensidades analíticas. Se em algum momento esses focos exerceram a função de organizador estrutural, esta foi esvaziada desse fim ao longo da construção da análise, por não darem conta das multiplicidades existentes nos registros encontrados.

Com essas ressalvas, sinto-me seguro em apresentar os objetivos específicos de cada um desses focos:

  • “Experiência intempestiva”: neste foco, discuti comentários que me davam evidências de atravessamentos, fluxos, estratificações, ou ainda, acontecimentos, que produzem nas PVHA experiências intempestivas, que por vezes os levam ao esgotamento da vida.

  • “Busca por modos outros de existência”: já neste segundo foco, analisei comentários que me possibilitaram sentir movimentações em busca de modos outros de existir ante a condição soropositiva ao HIV, ou seja, tentativas das PVHA em produzir linhas de fuga, um avesso, impossíveis ao estado redutor da vida.

  • “Invenção de outras possibilidades de vida”: no terceiro foco, apresentei possíveis produzidos pelas PVHA que funcionam como estratégias para a criação de modos de existência outros diante do contexto social que compõe a epidemia de HIV e AIDS na contemporaneidade.

Com isso, no ato de experimentar os dados, fui buscando evidenciar os mecanismos que fazem circular fluxos de intensidades, como dobras, reverberações e transvalorações, bem como seus modos de criar experiências subjetivas, singularidades e modos de existência com HIV. Abrindo possibilidades para pensar em modos de existir “ético-estético-políticos”, compreendendo:


Ético, posto que implica o reconhecimento da alteridade, não enquanto tolerância ou intolerância, mas como coexistência de diferenças. Estético, pelo convite à criação de novos processos de existência. Político, visto que criar se opõe a reproduzir, implicando compromissos e riscos que se conjugam nas ações e posições assumidas (STUBS, FILHO, PERES, 2014, p.786).

Essa tríade “ético-estético-política” expressa a complexidade das produções subjetivas de ordem criativa em uma lógica da sensação, que positivam o desejo de viver e intensificam as experimentações nas tramas culturais. Foi o conjunto dessas análises que proporcionou a criação da tese defendida, de que o blog promoveu uma educação em saúde menor, com a desterritorialização da língua, da ramificação política e do seu valor coletivo, havendo construção de possibilidades de libertação no cotidiano (BASTOS, 2018; GALLO, 2013).

Assim, esta pesquisa pode ser caracterizada como uma “pesquisa do acontecimento”, uma vez que não estive interessado em investigar unidades ou como identidades definidas são formadas, mas sim valorizar as linhas de fuga, os devires e nomadismos que constituem os modos de existência com HIV na contemporaneidade.

Como bem argumenta Sandra Corazza,

Para tal Pesquisa, tudo é considerado Acontecimento puro, isto é, potencialidade inexistente fora de suas atualizações e, todavia, delas transbordante. Incorporal sem ser vago, coletivo e particular, perceptível e microscópico, o Acontecimento é modo de individuação, ligado a um clima, a um clarão, a um silêncio, a outros acontecimentos. Ele não designa coisas, fatos, ações, paixões dos corpos, estados de ser ou de coisas, pessoas, sujeitos, porque os toma como individuados por linhas acontecimentais, como individuações assubjetivas, impessoais, subpessoais; cada qual dotado de duração própria e variável, embora intensiva, feita de afetos e de sensações (CORAZZA, 2013, p.37).

Por conseguinte, acredito ficar evidente que este trabalho esteve articulado com um campo de pensamento chamado de filosofia da diferença, que prioriza essas movimentações acontecimentais do ato de pensar. Em outras palavras, isso implica reconhecer que este trabalho foi adquirindo consistência junto as minhas experimentações e atos de criação. Um “Empirismo transcendental”, como diria Deleuze, que privilegia as virtualidades dos acontecimentos que compõem um plano de imanência, um plano que constitui aos acontecimentos suas realidades próprias (DELEUZE, 2016b).

Com tais ponderações, destaco também que o que fiz foi pensar junto com meus intercessores, em movimentos que chegam entre, valorizando os meios em detrimento dos fins (DELEUZE, 2013). Assim, a principal variável da minha produção foram meus intercessores, sejam eles obras, conceitos, autores, amigos, imagens ou coisas.

Assim, este método criou texturas, algo que necessariamente se sente, ao enunciar seus intercessores, escolha dos dados, focos de análise e interesses ético-estético-políticos.


Referências

BASTOS, Vinícius Colussi. Existências PositHIVas: um blog como (não)lugar e modos outros de [r(e)]existir com HIV. 2018. 124 f. Tese (Doutorado em Ensino de Ciências e Educação Matemática) – Universidade Estadual de Londrina. 2018.

CORAZZA, Sandra Mara. O que se transcria em educação? Porto Alegre: Doisa, 2013.

COSTA, Marisa Vorraber. Velhos temas, novos problemas – a arte de perguntar em tempos pós-modernos. In: COSTA, Marisa Vorraber. BUJES, Maria Isabel Edelweiss (org.). Caminhos Investigativos III: riscos e possibilidades de pesquisar nas fronteiras. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. p. 199-214.

COHEN, Jeffrey Jerome. A cultura dos monstros: sete teses. In: COHEN, Jeffrey Jerome. Pedagogia dos monstros - os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras Trad. de Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

CUNHA, Claudia Carneiro da. “Jovens Vivendo” com HIV/aids: (Con)formação de sujeitos em meio a um embaraço. 2011. 297 f. Tese (Doutorado em Antropologia Social do Museu NAcional) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2011.

DELEUZE, Gilles. Foucault. Claudia Sant’Anna Martins; revisão Renato Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2005.

______. Conversações (1972-1990). Trad. de Peter Pál Pelbart. 3.ed. São Paulo: Editora 34, 2013.

______. A imanência: uma vida. In.: DELEUZE, Gilles. Dois regimes de loucos: textos e entrevistas (1975-1995). Edição preparada por David Lapoujade; trad. de Guilherme Ivo. São Paulo: Editora 34, 2016.

DIAS, Rosa. Nietzche, vida como obra de arte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

GALLO, Silvio. Deleuze & a Educação. 3ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

MEYER Dagmar Estermann, et al. ‘Mulher sem-vergonha’ e ‘traidor responsável’: problematizando representações de gênero em anúncios televisivos oficiais de prevenção ao HIV/AIDS. Estudos Feministas, Florianópolis, v.12, n.2, p. 51-76, maio/ago. 2004.

PELBART, Peter Pál. O avesso do niilismo: cartografias do esgotamento. 2.ed. São Paulo: n-1 edições, 2016.

ROLNIK, Suely. Subjetividade em obra: Lygia Clark, artista contemporânea. Projeto História, São Paulo, v. 25, p. 43-54, dez. 2002.

SANTOS, Luís Henrique Sacchi dos, et al. De que Realidades 'Falam' os Anúncios de Prevenção ao HIV/AIDS?. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 30, n. 1, p.141-167, 2005.

SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. 12. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

SOROPOSITIVO, Jovem. Diário de um Jovem Soropositivo. Disponível em: <http://jovemsoropositivo.com/>. Acessado em 25 de nov. de 2015.

STUBS, Roberta; FILHO Fernando Silva Teixeira; PERES, Wiliam Siqueira. A potência do cyborg no agenciamento de modos de subjetivação pós-identitários: conexões parciais entre arte, psicologia e gênero. Fractal, Rev. Psicol., v. 26 – n. 3, p. 785-802, set./dez. 2014.

ZAGO, Luiz Felipe; SANTOS, Luís Henrique Sacchi dos. Os limites do conceito de empoderamento na prevenção ao HIV/Aids entre jovens gays e bissexuais no Brasil. Physis, Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 681-701, 2013.


Notas

[1] Sigla de Human Immunodeficiency Virus, em língua inglesa, convencionada para denominar o Vírus da Imunodeficiência Humana, não traduzida neste trabalho para a sua versão em língua portuguesa, VIH, devido à popularidade em nossa cultura da versão em inglês.

[2] Sigla de Acquired Immunodeficiency Syndrome, em língua inglesa, convencionada para denominar a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, não traduzida neste trabalho para a sua versão em língua portuguesa, SIDA, devido à popularidade em nossa cultura da versão em inglês.

[3] SOROPOSITIVO, Jovem. Diário de um Jovem Soropositivo. Acessado em 25 de Novembro de 2015. Indisponível na atualidade, este blog foi encerrado e seu conteúdo retirado da internet.

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